Aquele "adeus" não pude dar ♫

Dia 11/07/2010 .. Seria um dia comum, uma manhã de domingo tal como as outras, mas não foi. Motivo? Eu vou explicar.

Como era de rotina, todos os domingos eu me acordava cedo (8:00 da manhã --' ), levantava, ia até a cozinha e cumprimentava as pessoas, normalmente minha casa era cheia aos domingos desde cedo. Nesse domingo, em especial, eu estava um tanto quanto aliviada por ver melhoras consideradas numa gripe incurável que meu pai havia pegado e que o deixara de cama por quase dois meses, fiquei muito feliz ao vê-lo de pé quando acordei, corri, dei um forte abraço nele (não sabendo eu que seria o ultimo), e comentei que estava atrasada para EBD (escola biblica dominical), ele todo carinhoso me deu um beijo e pediu que avisasse aos obreiros da igreja que a noite ele estaria no culto, e ao grupinho de crianças que apostava na apresentação que fariam a noite, (meu pai era um Pastor bem presente que por motivo da doença se mantera distanciado um pouco dos trabalhos na igreja). Assim eu fiz, fui para a igreja, ministrei a aula das crianças, dei os avisos e as 11:30 voltei para casa. Cheguei, chamei no portão e minha mãe veio com um ar de preocupação e abriu o portão. De imediato perguntei o que estava acontecendo e ela chorosa respondeu: "Filha, seu pai arruinou de uma hora pra outra e eu estou com medo". Foi o suficiente pra me deixar desesperada! Dei meia volta, liguei a moto e fui em busca de alguém que o levasse pra ser internado. Após 30 minutos, já com quase tudo pronto, vi meu pai vivo pela ultima vez. Eu entrei no local em que estavam preparando ele para viajar e em súbito perceberam minha presença mais não me deixaram ficar com ele. Eu só me lembro de ter acariciado seu rosto e olhado fundo em seus olhos enquanto uma lágrima corria deles. Meu pai raramente chorava, mais dessa vez a lágrima era como um grito de desabafo, um adeus que em palavras não saia mais, eu sei disso porque em seguida chamaram minha mãe e me tiraram de perto dele. O que eu mais temia estava prestes a acontecer, e aconteceu! As 12:10 da manhã meu pai me deixou. Instintivamente, provando que ainda assim não nos deixaria só, morreu segurando na mão da minha mãe enquanto ouvia dela que era amado por nós, e que ficasse, que não nos deixasse!

Meu chão faltou quando ouvi daquela enfermeira que, sem meias palavras, disse: "Não adianta mais, ele morreu". Na hora veio a tona todos os momentos que passei com meu pai, todas as risadas que demos juntos, todas as vezes que segurei sua mão pra atravessar a rua. Vieram coisas banais e sem anexo nenhum na minha cabeça. Cara, foi uma dor sem tamanho, me faltou ar, me deu vontade de gritar, de chorar, de cavar um buraco e pular dentro!

Mais graças a Deus eu aprendi com meu pai que o desespero só trás dor e confusão, e eu como unica filha tinha que proteger a minha mãe. Doeu muito mais eu contive as lágrimas que insistiam em sair, contive um grito atenuado e o prendi na garganta soltando-o aos poucos em pequenos e quase indefinidos gemidos. Hoje o que me tem dado força pra continuar com a força herdada pelo meu pai são os meus amigos. Ah, o que seria de mim sem estes?! Nessas horas que a gente vê o quanto vale a pena preservar amizades. Não citarei nomes, trata-se de um numero incontável de pessoas que se dispuseram a me ajudar em tudo, pessoas com as quais manterei uma divida eterna. Eu nem sei o porque de estar postando isso, olhando assim não se vê familiaridade nenhuma com os assuntos que eu posto aqui. Mais pra mim trata-se de mais uma fase que deverei enfrentar de cabeça erguida. Uma experiência que como eu disse à uns amigos, eu não desejo pra ninguém, nem para os meus inimigos.

O Blog Fases e Faces está de Luto, assim como eu, e por tempo indeterminado! Perder um amigo é como perder um pedacinho de si, perder um irmão é como perder um de seus membros; mais quando se perde um PAI que era seu MELHOR AMIGO e ao mesmo tempo agia como um IRMÃO você perde mais da metade de si! E é assim que estou hoje, perdida e pela metade!